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O audiovisual na construção afetiva do Ator-criador: Teatro é teatro em tempos de pandemia?

No dia 21/01 tivemos um debate com Ney e Charles, responsáveis pelo movimento artístico nas cidades de Campo Verde – MT e Sinop – MT, ambos com ensino voltado à infância e juventude compartilharam experiências cênicas que foram de grande importância no período de pandemia e a maneira como foram afetados durante e depois.

Ao invadir a casa dos alunos de forma virtual, jogos de Viola Spolin e Augusto Boal precisaram ser adaptados trazendo uma diversidade ainda maior em planos de aulas de muitas turmas, disse Charles. Uma das maiores dificuldades enfrentadas durante este período foi justamente a perca de alunos, mudando de escola, indo embora da cidade, pais enfrentando a perca do emprego, falta de conexão com internet e a escola, disse Ney.

O cenário teatral teve um novo protagonismo, artimanhas foram criadas para que pudéssemos continuar mantendo esse contato, mesmo que distante. Desde então a tecnologia invadiu nosso dia-a-dia e trouxe com ela aplicativos de comunicação, edição, Lives, vídeos e a junção de teatro e audiovisual. 

Para muitos, o audiovisual foi de grande importância fazendo com que os espetáculos dessem continuidade mesmo que de forma online, com alguns cortes, uma música ali e um efeito aqui... construímos uma peça teatral, mas afinal, Teatro é Teatro em tempos de pandemia? 

A partir da edição caminhamos para uma outra linguagem teatral, mas que ainda assim é teatro mesmo que online, com trilhas sonoras e edições. Para Charles e Ney as possibilidades no mundo virtual eram maiores e muito proveitosas, o erro poderia ser corrigido através de um simples corte e a apresentação poderia ser vista pelo professor antes mesmo de ser apresentada, mas tudo isso não traz a intensidade de uma apresentação ao vivo, com preparo físico e vocal como entendo, pois, a construção de personagem e exercícios de iniciação são aparentes em uma apresentação presencial, mas que no online se fundiu com o teatro se tornando audiovisual.

O que mudou? Como corrigir um aluno de forma online? Qual método devo usar? Acredito que os jogos de Viola Spolin foram de grande importância durante o período de pandemia que estamos vivendo, pois os jogos eram facilmente adaptados e funcionavam com o mundo virtual, trazer os alunos e alunas para perto de nós por meio de jogos que possibilitavam inúmeras diversões e aprendizagem. A maneira como os jogos de Viola Spolin invadiu cada casa, trouxe uma interação entre os alunos e alunas através das telinhas e fez com que o estranhamento causado no inicio da pandemia fosse cada vez menor, como se fizesse parte da rotina.

São diversos questionamentos que vale a pena pensar, afinal, os alunos confiaram nos professores ao convidá-los para fazer parte de seu dia-a-dia, de sua casa, criando uma intimidade e auxiliando em questões familiares, além de instruí-los enquanto alunos e atores. Nós disponibilizamos tempo e atenção, nossa casa, nossos ensinamentos, os alunos também fizeram parte do nosso “Dia-a-dia” e trouxe ensinamentos, aprendemos enquanto educadores da arte, mais do que ensinamos. 

Texto de: Raquel Elias dos Santos

Instrutora de Teatro da Escola Municipal de Teatro – Projeto Teatro Faces.